Reuniões definem agenda de pesquisas e cursos sobre recuperação de nascentes na Bacia do Xingu

A iniciativa será realizada por pesquisadores e técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Instituto Socioambiental (ISA), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e contará com a participação de representantes de prefeituras, sindicatos e organizações locais da sociedade civil.

Está confirmado: já a partir de outubro começa a sair do papel um conjunto de cursos e pesquisas sobre proteção e recuperação de nascentes e matas ciliares na região de Querência, Canarana e Nova Xavantina, municípios do leste da Bacia do rio Xingu no Mato Grosso. A iniciativa será realizada por pesquisadores e técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Instituto Socioambiental (ISA), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e contará com a participação de representantes de prefeituras, sindicatos e organizações locais da sociedade civil.

A agenda do trabalho foi definida em uma série de visitas e reuniões ocorridas nas três cidades, de 30 de agosto a 2 de setembro, e articuladas no âmbito da campanha `Y Ikatu Xingu, que tem o objetivo principal de proteger e recuperar as nascentes e as matas ciliares do rio Xingu no Mato Grosso. Além de colher sugestões e reivindicações de grandes produtores rurais, agricultores familiares e representantes do Poder Público, os encontros também serviram para que os pesquisadores da Embrapa conhecessem com mais profundidade a realidade local. Foram feitas visitas de campo a assentamentos, pequenas e grandes propriedades e em áreas da região onde já existem projetos de recuperação ambiental.

“As reuniões e visitas técnicas foram bastante positivas. A proximidade com a população de cada região é ingrediente indispensável para a definição das ações que iremos desenvolver”, avaliou Rodrigo G. Junqueira, analista de pesquisa socioambiental do ISA. Ele explica que as idéias colhidas nos encontros realizados com a comunidade são fundamentais para que, de fato, o trabalho que será desenvolvido reflita a dinâmica socioambiental local.

Conforme o cronograma definido agora, de 3 a 7 de outubro, em Querência, acontece um curso sobre recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) voltado a técnicos que trabalham com assentamentos de reforma agrária e agricultura familiar também em Canarana, Água Boa, Nova Xavantina, São José do Xingu e Ribeirão Cascalheira, todos municípios da Bacia do Xingu. De 21 a 25 de novembro, ocorre outro curso sobre integração entre lavoura e pecuária, em Canarana, destinado a técnicos da Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer), da Unemat, prefeituras, empresas de assistência técnica privadas e sindicatos rurais.

A partir de março de 2006, começam os projetos de pesquisa, que terão cinco focos de atuação: capacitação, diagnóstico institucional, qualidade de água, planejamento de uso da terra e supervisão na elaboração de projetos. Todas as linhas de pesquisa convergem para as duas diretrizes de ação assumidas pela Embrapa para a campanha ´Y Ikatu Xingu: tecnologias para recuperação de APPs e para sistemas de produção.

Durante a reunião ocorrida na Câmara de Vereadores de Querência, no dia 30 de agosto, o prefeito do município, Fernando Gorchen (PPS), apresentou sua idéia de rever a figura da Reserva Legal (RL) e de definir as APPs em, no mínimo, 150 metros de floresta. Os representantes da Embrapa e da campanha ´Y Ikatu Xingu consideraram legítima a reivindicação, mas deixaram claro que o tema não faz parte dos objetivos do trabalho que será desenvolvido na região. “Essa proposta é polêmica e requer a revisão da MP 2.166-67/01 (que altera o Códgio Florestal). Acho que ela precisa ser discutida de forma mais ampla nos debates acerca do Zoneamento Econômico-Ecológico (ZEE) do Estado, dentro de parâmetros ambientais, econômicos e sociais estabelecidos”, afirma Rodrigo G. Junqueira.

A RL é a área mínima de cobertura vegetal preservada que cada imóvel rural deve ter, conforme estipulado pelo Código Florestal. Na bacia do Xingu, as propriedades em área de cerrado devem manter 35% da vegetação intocada e nas áreas de floresta, 80%. A APP é a faixa mínima de vegetação necessária à proteção dos recursos hídricos, da biodiversidade e do solo, delimitada ao longo dos cursos de água (rios, córregos, lagos), onde ocorre a chamada mata ciliar, ou no topo de morros, em dunas e em manguezais, por exemplo.

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