São José do Xingu na luta em defesa das nascentes e matas de beira de rio

Projeto associado à campanha ‘Y Ikatu Xingu prevê monitoramento da água e oficinas sobre a importância das nascentes e matas ciliares. Prefeitura vai ceder um terreno para a instalação de um viveiro. Nos dias 2 e 3 de abril, deve acontecer um encontro com a participação de cerca de 500 pessoas para apresentar o trabalho à comunidade. Município tem grande importância para a conservação na Bacia do Xingu.

O município de São José do Xingu agora pode ser considerado o irmão caçula da campanha ‘Y Ikatu Xingu, que pretende proteger e recuperar as nascentes e as matas ciliares do rio Xingu no Mato Grosso. No dia 7 de março, foi lançado na cidade o projeto Recuperando as nascentes e matas ciliares: um exemplo de concertação intersetorial. Ele prevê, até julho de 2009, a implantação de dez áreas-piloto de recuperação da vegetação das nascentes e das margens do rio Paturi, um dos formadores do Xingu, em assentamentos, grandes e médias propriedades rurais. Também será recuperada a nascente do córrego que atravessa a sede urbana do município. No total, pretende-se recompor 140 hectares de florestas.

Serão realizadas oficinas sobre a importância econômica, ecológica e hidrológica das nascentes e matas ciliares. A prefeitura vai ceder um terreno para a instalação de um viveiro com capacidade para a produção anual de 75 mil mudas de espécies nativas do Cerrado, que serão usadas para o reflorestamento das dez áreas. Nelas, também será feito o monitoramento da qualidade da água. Nos dias 2 e 3 de abril, deve acontecer um encontro com a participação de cerca de 500 pessoas para apresentar o trabalho à comunidade.

O projeto está orçado em R$ 500 mil, custeados pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), e é uma parceria entre a Câmara Municipal, a Associação de Pequenos Produtores Rurais de São José do Xingu, a Prefeitura e o Instituto Socioambiental (ISA). Também deverá associar-se à iniciativa a fazenda Bang, propriedade do empresário Luis Castelo, onde já ocorre uma experiência de recuperação de mata ciliar. O povo Yudja, que habita o Parque Indígena do Xingu perto de São José, também deverá participar fornecendo sementes de espécies da região (saiba mais).

“Essa iniciativa não é importante apenas do ponto de vista ambiental. Estamos criando uma nova perspectiva de futuro para a comunidade, que vê esse projeto com muito bons olhos”, comemora Kelly Morgana Moraes, presidente da Câmara de Vereadores. Ela conta que sobretudo os jovens do município estão desanimados por conta do desemprego e das dificuldades para estudar. De acordo com a vereadora, o viveiro, as oficinas e o trabalho a ser desenvolvido nas escolas, entre outras atividades previstas, além da horta comunitária que deverá ser implantada pela prefeitura paralelamente, apontam para um caminho de mais esperança na região. “Isso tudo está trazendo pessoas e idéias novas para cá. Essa é uma semente que vai dar frutos”. Kelly conta também que uma dupla sertaneja local está até compondo a música oficial da iniciativa.

São José do Xingu tem cerca de 1,7 mil nascentes e mais de 107 mil hectares de matas ciliares, ocupando posição de destaque na Bacia do Xingu no Mato Grosso em termos de extensão em Áreas de Preservação Permanente (APP). Portanto, com grande importância para conservação. A APP é área prevista em lei que deve ser reservada nas propriedades rurais com a função de preservar a água, a paisagem e a biodiversidade, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. O Código Florestal define como APP toda a vegetação que margeia os corpos de água (mata ciliar) ou está localizada em mangues, no topo de dunas, morros, serras, montes e nas encostas das chapadas.

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