Fiscalização denuncia rompimento de represa no Rio Tanguro, em Canarana

É a segunda vez que uma barragem se rompe na propriedade responsável pelo acidente. Comunidade indígena afetada não quer a reconstrução da obra e vai cobrar indenização.

A coloração, suja e barrenta, das águas do Rio Tanguro surpreendeu, na última semana, a comunidade indígena Kalapalo, que habita o Parque Indígena do Xingu (PIX), no Mato Grosso. A Secretaria do Estado de Meio Ambiente (Sema), acionada para investigar a ocorrência, constatou que a origem do problema tinha sido o rompimento de uma represa localizada na fazenda Cocal, a cerca de 100 km de Canarana. O Tanguro é um dos principais formadores do Rio Xingu.

Segundo Gilmar Miranda de Almeida, diretor-regional da secretaria que liderou a inspeção ao local, a barragem abastecia de energia elétrica a fazenda e é a segunda de posse do mesmo proprietário a romper na região. Ele informou ainda que, no último dia 19, a Sema notificou o proprietário sobre o ocorrido e solicitou a Licença Ambiental Única (LAU) da fazenda e um plano de recuperação de área degradada. O prazo para a apresentação dos documentos expira em 60 dias a contar da notificação. De acordo com a legislação, caso comprovada a negligência, o proprietário terá de indenizar as comunidades afetadas.

Uma equipe de fiscalização do PIX também realizou uma vistoria no local e divulgou um relatório (confira). O documento foi encaminhado, no último dia 15 de abril, pela Associação Terra Indígena do Xingu (Atix) ao Ministério Público Federal, à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, e à administração regional da Sema em Canarana.

Para a comunidade indígena, o acontecimento é preocupante, uma vez que as fazendas localizadas em torno da represa têm grandes extensões de plantio de soja e utilizam agrotóxicos. A substância pode contaminar o rio e afetar os índios que sobrevivem dessas águas. Em 2001, o Ibama considerou irregular e embargou a construção de tanques para a criação de peixes na mesma propriedade. Na época, a obra também despejou resíduos no rio, causando danos às aldeias próximas.

De acordo com Alupá Kaiabi, presidente da Atix e chefe de fiscalização do parque, a comunidade Kalapalo não quer a reconstrução da barragem. ”Esperamos providências para a recuperação do Rio Tanguro. A comunidade quer uma indenização pelos prejuízos causados pelo acidente”. A associação indígena espera uma audiência com o Ministério Público.

Comentar

Seu email nunca será publicado ou distribuído. Campos obrigatórios estão marcados com *

*
*