Projeto Embrapa Xingu realiza mais um dia de campo

Experiências com integração lavoura-pecuária mostram resultados satisfatórios. Produtores consideram que prática deverá disseminar-se como alternativa para conciliar a proteção do solo, conservação ambiental e produção.

Rafael Govari, do jornal O Pioneiro

Aconteceu no sábado passado, dia 31 de maio, na Fazenda Três Passos, em Canarana, o segundo Dia de Campo de Integração Lavoura-Pecuária e Produção Sustentável da Soja, atividade do Projeto Embrapa Xingu da campanha ‘Y Ikatu Xingu.

Os cerca de 50 participantes visitaram experiências realizadas numa área de 100 hectares e acompanharam palestras sobre os seus resultados. No local, foram desenvolvidos consórcios de milho com brachiara piatã, milho com brachiara ruzisiensi, sorgo com brachiara ruzisiensi e crotalária com brachiara ruzisiensi, além de um cultivo de girassol.


Produtores puderam verificar in loco resultados de consórcios entre espécies. Foto: Rafael Govari/O Pioneiro

Conforme Flávio Jesus Wruck, engenheiro agrônomo e responsável pelo setor Arroz e Feijão da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), nesta segunda safra do projeto os consórcios foram aprimorados e os resultados mais satisfatórios em termos de produtividade e conservação. O único consórcio ainda sem resultados positivos foi o de girassol com a brachiara. De acordo com Wruck, será preciso ainda corrigir a quantidade de defensivos a ser aplicados para não prejudicar nenhuma das duas culturas. Em todos os consórcios, a brachiara foi semeada e só depois foram plantadas as oleaginosas.

As experiências de integração lavoura-pecuária e produção sustentável da soja estão sendo realizadas na mesma área. A idéia é produzir duas safras e, no inverno, pasto com a plantação de forrageiras. “Agora vamos colher o milho, o sorgo e a crotalária e colocar o gado, plantando a soja na safra 2008/2009, em cima da palhada”, explicou o técnico da Embrapa. Em janeiro, ocorreu o primeiro dia de campo do projeto (confira).

O engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura de Canarana, Fernando dos Santos Silva, explicou, como exemplo, que a soja deixa em média sete toneladas por hectare de matéria orgânica, enquanto os consórcios deixam 20 toneladas em segunda época. “Essa palhada pode ser utilizada para o gado e posteriormente como cobertura, elevando o nível de matéria orgânica do solo, protegendo-o do sol e da chuva até o próximo plantio”.

O coordenador-adjunto do Programa Xingu do ISA, Rodrigo Junqueira (E), e o secretário de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso, Neldo Weirich, proprietário da fazenda Três Passos, conversam durante o evento. Foto: Rafael Govari/O Pioneiro

O pecuarista Hans Jorge Kalmbach disse que a integração é o caminho para o futuro, pois aproveita melhor a terra. “Possibilita ao produtor ter duas atividades e duas rendas, dando mais segurança”, comentou, acrescentando que no próximo ano irá arrendar 15% de sua fazenda para plantar arroz integrado com pasto para depois aproveitar a área para o seu gado.

Segundo o proprietário da Fazenda Três Passos, o secretário de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso, Neldo Weirich, a integração é um processo prático, eficiente e de resultado positivo. “Alguns produtores já estão implantando a integração e muitos dos que participam dos dias de campo começarão também a fazer”, disse.

Os experimentos na fazenda Três Passos estão no primeiro ano. A iniciativa, que também está sendo desenvolvida na fazenda Certeza, em Querência, faz parte de uma das sete linhas de trabalho do Projeto Embrapa Xingu. Além da disseminação de boas práticas agropecuárias em grandes propriedades, também estão previstas atividades de diagnóstico e planejamento de uso da terra; monitoramento de qualidade de água; pesquisa e transferência de tecnologia em recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs); disseminação de práticas para transição agroecológica em assentamentos rurais; e educação ambiental. As atividades em Canarana e Querência são realizados pela Embrapa e prefeituras municipais, com apoio e parceria do ISA (Instituto Socioambiental), do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Sindicado Rural de Canarana, várias empresas do setor agrícola e pecuário local e órgãos públicos estaduais.

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