Índios Kayapó dizem não à Belo Monte em reunião na TI Capoto-Jarina

Em reunião histórica encerrada na noite de ontem (2/11) na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina (MT) 284 indígenas de 15 diferentes etnias, disseram não à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, e ameaçam ir à guerra caso as obras se iniciem.

Foram seis dias de encontro para discutir o projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Motivado pelo fato de o projeto estar sendo levado adiante sem diálogo com as comunidades indígenas e pela recente declaração do ministro Edson Lobão, das Minas e Energia, sobre a existência de “forças demoníacas” contrárias aos projetos hidrelétricos. Com a reunião já marcada, os Kayapó souberam do parecer da Funai favorável a Belo Monte, criando mais tensão ainda entre eles.

Na Aldeia Piaraçu, os Kayapó realizam encontro histórico com mais de 280 participantes

O encontro foi liderado pelo cacique Raoni Metuktire e organizado pelo Instituto Raoni com apoio da Associação Floresta Protegida (AFP), Conservação Internacional (CI), Instituto Socioambiental (ISA) e Greenpeace.

Durante as reuniões as lideranças expressaram seus anseios, dúvidas e sugestões sobre Belo Monte e as falas se intercalaram com manifestações culturais dos diversos grupos presentes, tanto de dia quanto de noite.

Um dos desdobramentos do encontro foi a produção de uma carta que será entregue para o presidente Lula e o presidente da Funai por uma comissão de cinco indígenas escolhidos na reunião, e já a caminho de Brasília. O texto tem um tom firme e deixa claro que caso o projeto de Belo Monte seja implementado, haverá guerra com mortes entre brancos e índios, e o governo será responsabilizado.

Cacique Raoni ao lado de Megaron; grandes lideranças Kayapó

Foram feitas apresentações sobre o projeto antigo de Belo Monte que os Kayapó conheceram em 1989 e sobre as modificações propostas no novo projeto apresentado em 2009, incluindo riscos e relacionando alguns problemas. Os destaques foram o desequilíbrio que a barragem pode causar na Bacia do Xingu, o aumento do desmatamento que pode ocorrer na região de Altamira e em diversos pontos da Bacia do Xingu, não apontados nos Estudos de Impacto Ambiental entregues ao Ibama, além das ameaças imediatas para as Terras Indígenas nas proximidades de Altamira.

Um dos desdobramentos do encontro foi a produção de uma carta que será entregue para o presidente Lula e ao presidente da Funai, Márcio Meira, por uma comissão de cinco indígenas escolhidos na reunião, e já a caminho de Brasília. Leia a carta na íntegra. A comissão de indígenas que irá a Brasília deve ainda tentar agenda com diversas outras autoridades para falar sobre o caso. O caso da construção de Belo Monte foi apresentado ontem (2/11), em Washington (EUA), à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Saiba mais).

Entenda a polêmica de Belo Monte.

ISA, Instituto Socioambiental.

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