Festa do pequi e dia de campo atraem mais de 600 pessoas à Canarana

O pequi-dos-índios-do–xingu, ou pequi xingu, como é mais conhecido, foi a estrela deste final de semana, dias 14 e 15 de novembro, em Canarana.

O pequi-dos-índios-do–xingu, ou pequi xingu, como é mais conhecido, foi a estrela deste final de semana, dias 14 e 15 de novembro, em Canarana. A fruta, que é maior, tem polpa mais generosa e sabor mais suave que o pequi encontrado nas demais regiões do Brasil, foi o tema do Dia de Campo e da Festa do Pequi, eventos que reuniram mais de 600 pessoas, entre participantes e organizadores.

Organizada pelo Lions Club, Rotary Club, Leo Club, APAE, Fraternidade Feminina Estrelas do Xingu e ASR, a Festa do Pequi foi realizada no domingo e contou com a presença de mais de 400 pessoas e 50 voluntários. Leda Maria Bayerle, presidente do Rotary e responsável pela coordenação do evento, conta que foram preparados cerca de 300 quilos de alimento para o almoço, além de 3 mil caroços de pequi.

Toda a renda da festa é destinada a trabalhos sociais das intituições organizadoras. O evento também teve apoio da prefeitura de Canarana, do governo de Mato Grosso, da fazenda Recanto Água Limpa, do ISA e do Sebrae.

“O pequi é nosso fruto símbolo do Cerrado, é um prazer servi-lo às pessoas”, afirmou Leda, que destacou a importância de experiências como a de Edemo Corrêa, produtor de Canarana que está investindo na produção comercial da fruta na cidade. Edemo levou parte de seus produtos, como o pequi em natura, em conserva, embalado a vácuo e até mudas da planta para a festa.

Jair Fernando Schafer, presidente do Lions Club, explica que os recursos arrecadados na festa serão aplicados em programas como o de prevenção de diabetes, que oferece testes gratuitos para a população e na realização de cirurgias de catarata.

Floriano Barbosa, da loja maçonica Fraternidade do Sol, um dos colaboradores da festa, e Sueli Pirani, presidente da Fraternidade Feminina Estrelas do Xingu, se mostraram animados com a participação da população. Patrícia Malheiros, presidente do Leo Club, coordenou os voluntários de sua intituição, que serviam as mesas. “É um evento importante para a cidade”, disse Patrícia.

Marcos da Rosa, presidente do sindicato rural de Canarana, também lembrou da iniciativa de Edemo Corrêa como exemplo a ser seguido para viabilizar a comercialização e celebrar a cultura do pequi. “Eu admiro a coragem dele. É de pessoas assim que precisamos no Brasil”.

Ouro do Cerrado

No Dia de Campo sobre a Cultura do Pequi, realizado no sábado, dia 14, mais de 90 produtores de diversas cidades do estado assistiram às palestras sobre a viabilidade e o potencial de comercialização da fruta. Eny Duboc, pesquisadora da Embrapa Cerrados, afirma que o comércio do pequi e de seus sub-produtos é muito maior do que se imagina, mas ainda não existem dados oficiais que quantifiquem esse volume.

Prova do grande potencial comercial da fruta é a experiência do produtor Edemo Corrêa, da fazenda Recanto Água Limpa. Ele veio de Lins-SP para produzir arroz e criar gado em Mato Grosso, mas, depois de morar um ano no Canadá, em 1994, se deu conta da riqueza que existe na região do Cerrado. “Nós somos muito ricos em diversidade de frutas e não e stamos aproveitando isso”.

Toda a produção de Edemo já tem comprador. A fruta é usada na produção de sorvetes, massas e conservas. Além do pequi, ele cultiva baru, murici, buriti, uaraticum e mangaba.

O gado também continua na propriedade de 90 hectares do produtor, em um consórcio que beneficia tanto a criação dos animais quanto a produção de frutas. “Eu mantenho o gado no meu pequizal. O gado não come a folha do pequi adulto, só quando ele é novo. Com o espaçamento correto, as folhas do pequi mantêm a área mais úmida e o capim está sempre novo para o gado”.

Demanda

Em suas andanças e pesquisas, Edemo constatou que há uma demanda não atendida de 70% de pequi no país e uma falta de disponibilidade da fruta ao longo do ano. Por isso, ele está utilizando a embalagem a vácuo para comercializar na entressafra. “Meu sonho é que todos os mercados brasileiros tenham pequi, em qualquer época do ano”.

A propriedade de Edemo é equipada com máquinas que tiram a polpa e a massa da fruta. “O pequi é uma cultura perene, você não tem que replantar todo ano. Para áreas pequenas como a minha, o pequi é economicamente viável. Um pé de pequi adulto dá 10 caixas. Cada caixa eu vendo a R$ 20. Mas, se eu vendê-lo já embalado, ele me rende o triplo”.

Dicas para o cultivo

O caminho para a produção comercial do pequi é abandonar o extrativismo e investir no melhoramento da planta. Eny Duboc, pesquisadora da Embrapa Cerrados, explica que no extrativismo as melhores frutas das melhores plantas são tiradas para a venda, quando o correto é usá-las para o plantio.

Além de investir na plantação e no melhoramento da planta, a pesquisadora recomenda o plantio do pequi associado a outras culturas, já que a monocultura facilita a incidência de pragas. “Quando cultivamos uma planta que é nativa da região, devemos ter mais cuidado, pois as doenças da planta também são nativas dali. Nós recomendamos um sistema agroflorestal, com diversidade de árvores em uma região”.

Dia de campo 14/11/09.

Iane Thé, técnica do setor de agronegócios do Sebrae-MT, ficou animada com o que ouviu sobre o potencial do pequi e afirma que pretende aplicar o que aprendeu. Ela acompanhou viveiristas e produtores rurais no evento. “Nós já trabalhamos com o pequi no sistema de extrativismo, mas agora aprendemos que dá para fazer um controle melhor da produção”. Iane diz considerar a cidade de Canarana como modelo para a cultura em outros locais do estado. “Aqui nós vemos um exemplo na questão da producão e da articulação de parceiros”.

O Sr. Édimo é agente socioambiental desde 2007 e é um ativo parceiro do ISA no âmbito da Campanha YIkatu Xingu, com seu trabalho demonstra a viabilidade economica de uma atividade florestal no cerrado matogrossense.

Por Fernanda Beilei – colaboradora da Campanha YIkatu Xingu

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