Participantes do “Estágio em Restauração Florestal” aprendem que restaurar áreas naturais degradadas e trabalhar pela conservação da natureza não é apenas uma atividade nobre e essencial ao nosso planeta, mas também um trabalho que pode trazer retornos profissionais e financeiros.
Fernanda Bellei, ISA
Restaurar áreas naturais degradadas e trabalhar pela conservação da natureza não é apenas uma atividade nobre e essencial ao nosso planeta, mas também um trabalho que pode trazer retornos profissionais e financeiros. É isso que os jovens participantes do “Estágio em Restauração Florestal”, programa criado pelo ISA (Instituto Socioambiental), em parceria com a prefeitura municipal de Canarana e com o apoio financeiro de José Ricardo Rezek, proprietário da Agropecuária Rica, estão aprendendo.
A primeira turma de estagiários é formada por César Augusto Pletsch, de 17 anos, Yurick Leonardo Neoberger, de 18, e Meurimar Alex Correia, de 19, todos da Emfaque (Escola Municipal Família Agrícola de Querência); Natalie Dunck, de 23 anos, estudante de Agronomia na Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso) e Júnior Micolino da Veiga, de 22 anos, estudante de Gestão Ambiental na Unopar (Universidade Norte do Paraná). Eles trabalham no viveiro municipal da cidade, onde cuidam de mudas de espécies nativas da região e participam de plantios em áreas degradadas.

Estagiários: Meurimar Alex Correia, Yurick Leonardo Neoberger, Natalie Dunck, Júnior Micolino da Veiga e César Augusto Pletsch. Foto: Fernanda Bellei, ISA.
O trabalho é coordenado pelo biólogo Eduardo Malta, com apoio de Nicola Martorano da Costa e Luciano Langmantel Eichholz, todos do ISA. O viveiro é gerenciado pela Prefeitura de Canarana, através da Secretaria de Agricultura, na figura da secretária Eliane Felten, e coordenado pelos viveiristas Ivan Loch e Rosa Loch e pela bióloga Maristela da Rosa, em parceria com o ISA.
Essa iniciativa é única na região das nascentes do rio Xingu e se viabilizou pelo apoio de José Ricardo Rezek, que colabora com uma bolsa de estudos mensal para cada estagiário. Eduardo Malta explica que há uma forte demanda por técnicos qualificados para a restauração florestal em nossa região, que é uma área de transição entre Cerrado e Amazônia. “A idéia desse estágio está vinculada a uma análise sobre as condições de desenvolvimento regional de projetos de restauração florestal dos passivos ambientais das propriedades rurais. Nessa etapa, é fundamental formar técnicos qualificados com experiência comprovada em restauração no mercado local e regional, para que as próprias fazendas e escritórios de consultoria agropecuária / florestal possam contratar seus serviços e avançar nas iniciativas de restauro”.
Desde outubro de 2009, essa turma está aprendendo na prática o que deve ser feito para preservar o meio ambiente e para garantir a qualidade da água de nossa região. Yurick, que mora em Água Boa, já entendeu a necessidade de manter a integridade da terra para que ela continue produtiva. “Quando uma pessoa desmata toda a sua área, as nascentes de água começam a minguar e desaparecem. Sem água é impossível produzir”. Júnior completa: “A maioria das pessoas ainda não sabe da importância de preservar as matas ciliares. Todos são estimulados a conseguir retorno financeiro em curto prazo”.
Além de conhecer as técnicas de restauro, os jovens têm a oportunidade de aprender mais sobre a natureza e as plantas originárias da região. Eles falam com propriedade sobre as mais de 200 espécies de plantas e de sementes que são armazenadas no viveiro, por meio da Rede de Sementes do Xingu.
Boas perspectivas
Os novos conhecimentos e a visão da dimensão do campo de trabalho para o restauro florestal está fazendo com que os estagiários comecem a considerar uma nova direção na carreira. “Eu pretendo estudar Agronomia a me dedicar a trabalhos de restauração”, conta Meurimar. “Antes a ocupação da terra era feita sem critérios, era tudo desmatado. Agora eu quero ajudar para mudar tudo isso que foi feito”, afirma César.
Alda Nelci Wentz, diretora da Emfaque, ressalta a importância da parceria para a escola. “A escola tem a proposta de trabalhar com agroecologia. Acho que os meninos estão tendo a oportunidade de aprofundar o que eles aprendem na escola”. Alda diz ainda que a escola incentiva os estudantes a seguirem carreira em áreas relacionadas à gestão ambiental, pois a demanda por esses profissionais tende a crescer. “Pretendemos intensificar essa parceria para que mais alunos possam participar das atividades”.
Natalie diz acreditar que a nova geração deveria ter acesso a palestras e a aulas especiais para conhecer tudo isso que eles aprendem nos estágios. Yurick defende a criação de palestras e de visitas monitoradas a áreas degradadas e depois, a áreas recuperadas, para que os jovens desenvolvam uma consciência ecológica. “Multas para quem desmata sempre existiram, mas elas não resolvem o problema. As pessoas precisam conhecer para proteger”.
Um Comentário
E muito mais haveria por dizer. Como e evntdiee, o saque florestal injusto tambem e um grande problema. Todavia, reconheca-se, nao haveria saque, caso nao houvesse quem quisesse comprar. Mas porque a elites africanas comportam-se pior que os seus mentores do Primeiro Mundo? Sindrome de Estocolmo? Complexo de Inferioridade? Seriamos muito ingenuos se nisso somente acreditassemos. Mas ha um detalhe fundamental. E que, desde o advento das independencias dos paises terceiro-mundistas onde a maioria foi chamada a se auto-governar (o Haiti por exemplo), todos os seus lideres foram educados e moldados por pensadores e estudiosos do Primeiro Mundo. Nao se conhece um pensamento verdadeiramente LOCAL. Sera este facto circunstancial a causa da sua contradicao dialectica?!E uma duvida que me persegue continuamente.