O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), técnica que diminui o impacto ambiental das atividades agropecuárias e aumenta a produtividade no campo, foi apresentada a mais de 80 produtores rurais em dia de campo realizado pela Embrapa, em Canarana.

Uma prática antiga entre os produtores rurais está sendo estudada e incentivada por pesquisadores da Embrapa. É o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), uma técnica de ocupação inteligente de áreas pequenas, médias e grandes, que alia a produção de grãos com a pecuária e a preservação ambiental. As características e vantagens desse sistema foram apresentados a cerca de 80 produtores rurais no último dia 20, sábado, na fazenda Três Passos, em Canarana-MT.

De acordo com o engenheiro agrônomo Flávio Wruck, da Embrapa, o princípio do sistema ILPF é simples e já é utilizado há muito tempo por produtores rurais. “A integração é muito antiga, mas sempre foi feita de um modo muito empírico, sem embasamento científico. O produtor que colhia seu milho e deixava as palhas na lavoura, para colocar o gado para pastar no local, já estava praticando a ILPF”.

Ele explica que não existe um tamanho mínimo de área para implantar o sistema ILPF e o investimento inicial acontece para o produtor que precisar implantar a pecuária ou a produção de grãos em sua propriedade. “Poucos produtores conciliam pecuária e grãos. Para aqueles que já fazem isso, o uso do sistema é muito mais fácil”.

Bom para o agricultor, bom para o pecuarista
O primeiro passo para quem quer trabalhar com a integração, segundo o pesquisador, é fazer um estudo de seu tipo de solo, tamanho da área e seu mercado local, o que deve ser feito com o apoio de um técnico. Nessa fase, o produtor irá identificar quais culturas ele irá cultivar e quais animais poderá criar. A integração começa a trazer retornos positivos a partir do terceiro ano agrícola.

“No caso do pecuarista, ele terá a formação de novo pasto a menor custo, pois a forrageira se beneficia com os tratos culturais do milho. E no caso do agricultor, a forrageira pode ser usada na alimentação dos animais após a colheita dos grãos, ou
como fonte de resíduos vegetais, que possibilita a implantação do sistema de plantio direto”. Wruck explica ainda que o sistema é adotado em diferentes biomas brasileiros e foi bem adaptado ao Cerrado. A implantação de florestas traz benefício duplo: a recuperação de APPs e Reserva Legal e a extração de produtos das espécies nativas.

Benefícios
Com a integração, o produtor consegue melhores resultados tanto na lavoura, na pecuária e na qualidade de sua área. “A erosão na área diminui, a produtividade animal é maior, o solo recebe um incremento de matéria orgânica e o aproveitamento de fertilizantes cresce”, explica Wruck.

O produtor que intercala a produção de soja e a criação de gado, por exemplo, está permitindo que seu solo ganhe mais nutrientes, como o nitrato e o fósforo. “Essa tecnologia permite a produção de grãos, carne, leite, fibras, madeira e energia em uma mesma área. Essa maior diversidade de produtor reduz o risco da atividade agropecuária”, afirma o pesquisador.

Meio ambiente
Os impactos ambientais oriundos da atividade agrícola também são minimizados com o sistema. Ao de viabilizar a recuperação das pastagens degradadas, o produtor intensifica o uso de sua terra e reduz a necessidade de abertura de novas áreas. “Isso facilita a certificação e a rastreabilidade dos produtos agrícolas”, conclui Wruck.

A Embrapa é parceira da campanha ‘Y Ikatu Xingu nos trabalhos de pesquisas, desenvolvimento de tecnologias e atividades educativas sobre produção agropecuária sustentável na bacia do Rio Xingu, em Mato Grosso. A parceria já rendeu sete subprojetos voltados à recuperação de matas de beira de rio (Áreas de Preservação Permanente), integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta, monitoramento da qualidade da água, plantio direto de soja, planejamento e uso do solo, educação ambiental, manejo de pastagem e sistemas agroecológicos.

Por Fernanda Bellei