Educação agroflorestal é ferramenta para mostrar a possibilidade de integração de culturas florestais e agrícolas

Alunos de escolas da rede de ensino de Canarana chegam ao espaço da Casa da Criança e EMEI Novo Lar para conhecer os plantios agroflorestais. Foto: Fernanda Bellei
Mais de 50 estudantes da rede de ensino de Canarana, Mato Grosso, visitaram os canteiros de agrofloresta que ficam no espaço da Casa da Criança e da EMEI Novo Lar, nesta segunda-feira, dia 31 de maio. A visita faz parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente do município e proporcionou a alguns a oportunidade de ver uma agrofloresta de perto pela primeira vez. Foi o caso de Karina dos Santos, de 16 anos, aluna do Colégio Paulo Freire “Achei muito interessante conhecer a agrofloresta e saber que não é preciso ter um espaço muito grande para implantá-la. Queremos fazer uma em nossa escola”.
A proposta foi levar os estudantes para uma visita de monitoramento, em que pudessem ver a evolução dos plantios feitos por eles no dia 5 de junho de 2009, data em que se comemora o Dia do Meio Ambiente. Na ocasião, mais de 100 alunos participaram do plantio de mais de 30 espécies nativas da região do Xingu. A visita foi acompanhada por professores e por técnicos do ISA (Instituto Socioambiental), uma das organizações envolvidas na Campanha ‘Y Ikatu Xingu, que apoiou os plantios de agrofloresta na escola.
A educação agroflorestal é uma das linhas de ação da campanha e tem por objetivo provar que é possível aliar culturas agrícolas e florestais em um mesmo espaço. “Uma agrofloresta é um grande canteiro onde você pode colher hortaliças, frutas e ainda usufruir da sombra das árvores”, explicou Júnior Micolino da Veiga, técnico agrícola do Instituto Socioambiental.
Cristina Velasquez, assessora do Programa Xingu do ISA, destaca a parceria com a Prefeitura de Canarana para as atividades socioambientais do município. “Para nós do ISA, este ano as ações de educação agroflorestal tiveram seu marco com o convite da secretaria municipal de educação para compor a agenda de atividades socioambientais ao longo do ano”.

Professora Lorinete, da Casa da Criança e EMEI Novo Lar, fala sobre a experiência de implantar plantios agroflorestais para alunos da rede de ensino de Canarana. Foto: Fernanda Bellei
A iniciativa de construir os canteiros que estão hoje no espaço da escola e da Casa da Criança partiu da professora Lorinete de Marchi e da diretora Tais Regina Franceschet. Ao todo foram quatro plantios realizados em diferentes ocasiões: maio de 2008, julho de 2008, junho de 2009 e “Antes nós tínhamos aqui um terreno baldio, uma terra seca e dura onde nada nascia. O sistema agroflorestal melhorou a terra e nos proporciona uma área verde que nos dá alimentos para a merenda e um espaço para as crianças brincarem”, conta Tais.
A professora Lorinete completa: “Você não precisa de muito espaço para implantar uma agrofloresta. É preciso ter boa vontade e se dedicar. Estamos aqui para dar orientações e ensinarmos tudo o que sabemos para as professoras que se interessarem em repetir a experiência em suas escolas”. Lorinete conta ainda que o espaço pode ser usado para complementar o conteúdo das aulas. “Treinamos o alfabeto com as crianças por meio da primeira letra de cada fruta. Fica muito mais fácil e divertido trabalhar assim”.
Educação Agroflorestal
Há no imaginário comum a idéia de que a floresta é como mato, um estorvo para a produção agrícola. A educação agroflorestal derruba esse paradigma e mostra que o cultivo de culturas agrícolas pode ser aliado às culturas florestais e trazer bons resultados. Algumas espécies utilizadas em sistemas agroflorestais, como o feijão guandu, funcionam como adubo para o solo, por isso são conhecidos como “adubo verde”. Além de potencializar o uso do espaço, pois a floresta e a horta ficam integradas, os sistemas agroflorestais valorizam as espécies nativas.
As atividades da Semana de Meio Ambiente em Canarana são realizadas com o apoio financeiro da União Européia. Seu conteúdo é de inteira responsabilidade do Projeto Governança Florestal nas Cabeceiras do Rio Xingu.
3 Comentários
Muito bom! E valoriza também o pequi, que daqui a pouco vai começar a dar frutos lá na casa da criança ummmm….
muito bom mesmo
esta experiência de trabalho foi única,simplesmente maravilhosa para quem soube aproveitar e valorizar.Parabéns a diretora Tais que com sua dedicação ímpar iluminou muitos olhares e mostrou a importância da natureza para os alunos de nossa escola EMEI NOVO LAR.