O uso dos agrotóxicos será restrito a casos emergenciais em que as espécies exóticas comprometam a restauração florestal
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) publicou portaria que autoriza o uso de agrotóxicos para o controle de espécies exóticas invasoras em ambientes naturais. A portaria de n° 14, publicada em maio deste ano, autoriza o uso apenas em caráter emergencial, para fins de restauração florestal, e vale somente para os ativos: Triclopir éster butoxi etílico, Imazapir e Glifosato.
Especialistas em restauração florestal afirmam que a portaria representa um avanço para a gestão de unidades e para projetos de restauração, uma vez que o controle de espécies exóticas invasoras tem sido um dos maiores impasses quando se pretende conservar a diversidade biológica nativa e recuperar ecossistemas degradados. “Apesar de não termos hoje no Brasil nenhuma normativa que proíba o uso de herbicidas em unidades de conservação, também não temos nenhum produto que tenha um registro específico para uso em atividades de manejo ambiental visando à conservação e à restauração de ecossistemas”, afirma Michele de Sá Dechuom, bióloga do Instituto Hórus.
As outras maneiras de se controlar espécies exóticas invasoras, sem uso de herbicida, são geralmente mais caras e podem causar outros impactos ambientais relevantes, como por exemplo, uso do fogo, que queima a matéria orgânica do solo e pode fugir do controle; revolvimento freqüente do solo (que perde 30% da matéria orgânica a cada revolvimento) com enxada ou grade puxada por trator; roçadas freqüentes, que tendem a melhorar o solo, porém são caras e dificilmente conseguem controlar eficientemente a espécie invasora.
Perda de biodiversidade
As invasões de espécies exóticas, ou “invasões biológicas” são consideradas, atualmente, a segunda causa mais importante de perda da biodiversidade mundial. Alguns estudos apontam que mais de 500 mil quilômetros quadrados dentro do domínio Cerrado, por exemplo, estão ocupados por gramíneas africanas, usadas como pastagens.
Essa invasão biológica também é um problema enfrentado nos plantios realizados pelas instituições da Campanha ‘Y Ikatu Xingu, que já tem mais de 2 mil hectares em processo de restauração na bacia do Rio Xingu. Eduardo Malta, biólogo do Instituto Socioambiental, afirma que o capim “é um dos principais entraves para o desenvolvimento das espécies nativas, seguido pela compactação e exaustão de matéria orgânica do solo, fogo, mal isolamento da área e ausência de florestas nativas nas proximidades”. O controle desta espécie invasora deve ser feito por, no mínimo, um ano e meio após o plantio das espécies nativas, pois as sementes do capim permanecem no solo por muito tempo.
Na portaria, o Ibama alerta para as medidas de segurança pessoal e o uso correto de agrotóxicos. A aplicação incorreta ou erro na dosagem pode comprometer o processo de restauração florestal e a saúde de quem aplica.
Efeitos negativos dos agrotóxicos
Agrotóxicos deixam resíduo químico no solo, que podem afetar as plantas. Portanto, devem ser usado o mínimo possível. Além disso, não se deve aplicar sobre solos encharcados, nem sobre a água de rios, lagoas e nascentes. Importante aplicar nos horários de menos vento, como de manhã ou no final da tarde, para que o herbicida não derive com o vento para essas áreas. Evite aplicá-los em dias chuvosos, pois isso além de reduzir o efeito do herbicida sobre as plantas-alvo, pode carrear o herbicida até os rios e contaminar a água.
Leia aqui a Portaria n° 14.
Leia artigo sobre a publicação da Portaria n° 14
4 Comentários
Já usei veneno para matar plantas daninhas(pragas como tiririca), o efeito é muito forte e adoeçe a terra. sou contra esse tipo de produto, voces mesmos alertam para os efeitos negativos, o melhor ainda é a extração manual, não é tão eficaz, mas tem que ser constante.
É entristecedor ler uma notícia destas com um caráter positivo num site de campanha que luta pela conservação das águas. Lembro que uma das grandes preocupações dos indígenas do Parque (e um dos motivos do surgimento da campanha) era a contaminação da água por estes mesmos agrotóxicos, quando usados pelo agronegócio. O “caráter emergencial” abre brechas para se usar produtos altamente contaminadores.
Creio que seja importante divulgar a portaria e debater esta questão, mas é papel das entidades que trabalham com meio ambiente, pesquisar, propor e divulgar medidas alternativas e ecológicas.
sou contra
NÃO ACREDITO QUE ESTOU LENDO ISSO. O IBAMA AUTORIZOU ESSA ABERRAÇÃO DA NATUREZA!! É A MESMA COISA QUE MANDAR AS RAPOSAS TOMAREM CONTA DOS GALINHEIROS (DO BRASIL). PARECE QUE Ñ ESTÃO SE DANDO CONTA DO SEGUINTE:
* FOI FEITO ALGUM ESTUDO – COM RESULTADOS LEGAlMENTE RECONHECIDOS QUE ESSES AGROT. Ñ PREJUDICAM “TANTO” A NATUREZA?
* E OS MICROORGANISMOS, MOLUSCOS, INSETOS (CADEIA ALIMENTAR) FORAM CONTEMPLADOS NESSE
“EIA”?
* FLORESTA Ñ É SÓ PLANTA * AS PLANTAS SABEM SEPARAR, TIPO: ESSE AGROTÓXICO EU POSSO, ESSE EU Ñ POSSO.
* NO ESTUDO ENTROU O LENÇOL FREÁTICO (CAMADA DE MOVIMENTAÇÃO E CAMADA DE ÁGUA CONFINADA);
* HOUVE AUDIÊNCIAS PÚBLICAS?
– DESCULPE O TROCADILHO MAS COMO SE DIZ POR AÍ: “O (agro)NEGÓCIO É MAIS EMBAIXO”
–SUGESTÃO: QUE TAL “LIMPAR” AS CADEIAS E COLOCAR ESSES HOMENS P/ TRABALHAR (PELO BRASIL) EM REGIME DE REVEZAMENTO DIÁRIO/SEMANAL (TRANSITÓRIO)….
POR EDISON/BIÓLOGO