Christina Machado, Agência Brasil
Foi publicado no Diário Oficial da União de sexta-feira (22) o decreto que institui o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu. O plano reúne ações propostas da sociedade local – líderes indígenas e religiosos, agricultores, comerciantes, cientistas e organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente – e leva em consideração os impactos causados pela construção da Usina de Belo Monte.
Entre as ações propostas estão a regularização fundiária, a inclusão social e o fomento a atividades econômicas. A intenção é conciliar o crescimento econômico da Amazônia com a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. A área de abrangência compreende os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu, no Pará.
O orçamento previsto é de R$ 500 milhões. O valor foi previsto no edital do leilão para a construção de Belo Monte, vencido pelo Consórcio Norte Energia. O montante faz parte de um total de mais de R$ 1,5 bilhão que o consórcio vai desembolsar como compensação estipulada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para reduzir os impactos ambientais e sociais da obra. As compensações foram condicionantes para a licença ambiental concedida pelo Ibama.
Há ainda a previsão de investimento de mais de R$ 500 milhões do governo federal para a realização de 20 mil ligações de energia elétrica na região, por meio do Programa Luz para Todos.
Segundo o presidente do Consórcio Belo Monte e prefeito de Anapu, Chiquinho do PT, a população local é favorável e quer a construção da usina, desde que haja respeito ao meio ambiente, levando em consideração os danos ambientais e a reparação deles.
Para o secretário de Integração Regional do Pará, André Farias, o plano é um instrumento inovador de planejamento do desenvolvimento da região, que incorpora a população local, fazendo com que ela assuma de fato a condução do seu desenvolvimento.
O decreto de hoje também cria um comitê gestor, que será formado por membros titulares e suplentes representantes dos governos federal, do Pará e dos municípios pertencentes à área de abrangência do plano.
2 Comentários
Parabéns pelo plano, vamos torcer que ele
realmente seja cumprido. Precisamos compreender que é possivel crescer sem destruir o meio.
Inscreva-se
FESTA KUARUP NO XINGU – conta com 9 etnias
Agosto de 2011,ocorrerá a festa Kuarup em aldeia Matipu do Alto Xingu, onde estarão mais de 40 convidados inscritos para assitirem uma homenagem da lider Mãku Nafukuá Matipu, falecida em ano passado.
A sua festa representará 41 anos de luta pelo repovoamento do seu povo.
Histórico do povo:
MATIPU
O porquê do nome
Esta denominação é utilizada pelos não-índios a partir da década de 40, mas não se conhece a origem.
Outros nomes
Entre si conservam a denominação de Uagihütü Ótomo ou Ngahünga Ótomo. Para os demais altos xinguanos eles são Uagihütü.
Língua que falam
Os Matipu falam uma língua Karib e compartilham o mesmo dialeto com os Kalapalo, os Kuikuro e os Nafukuá.
População total dentro do PIX
População total do povo Matipu dentro do PIX são 109 pessoas, incluído são duas aldeias.
Onde estão hoje
Os Matipu habitam a porção sul do Parque Indígena do Xingu.
Vivem em quantas aldeias
Os Matipu vivem com duas aldeias diferentes
Nomes das aldeias
Ngahünga e Entagü
Onde estavam antes do PIX
Esse grupo é tradicionalmente identificado no contexto alto Xinguano, antes estavam na aldeia Uagihütü. Nos anos 1970 fizeram uma nova aldeia na beira da lagoa chamada por eles de Ngahünga que existe até hoje.
Qual o seu papel dentro da diversidade social e cultural do PIX?
Para os Matipu, um tema importante é ser ou não ser convidado para participar de um ritual numa aldeia vizinha, já que isso implica em relações de poder e, ao mesmo tempo, de afinidade, amizade, sedução, rivalidade. A dança aparece como parte integrante e indispensável da educação da pessoa Matipu. Os Matipu são os membros das etnias diferentes da região do Alto Xingu “sul do PIX”, que se pronunciam a fala em tronco lingüística Karib juntamente com os Kuikuro, Kalapalo e Nafukuá, mesma cultura, costume e modo de vida. Seus papeis é lutar junto com outras etnias do Parque Indígena do Xingu na diversidade cultural, econômica e na organização social, principalmente na área de educação, saúde, meio ambiente etc.
Especialistas em
Uma das grandes especialidades Matipu – assim como a de seus semelhantes Kalapalo, Nafukuá e Kuikuro – é o colar de caramujos e de plaqueta, cujo modelo masculino, em forma retangular, é fabricado exclusivamente pelos homens. Já o de formato redondo – usado pelas mulheres e também como cinto masculino. Principais especialidades Matipu – é os artesanatos com diferentes as pinturas; cesto, tucanapi, cocá, pá de beiju, brinco, cinto feito de couro da onça, arco e flecha, flauta, abanador, canoa e remo, arranhadeira, entre várias especialidades. Exclusivamente as mulheres fabricam – rede, esteira, cuia, fios de algodão, fios de buriti, fios de abacaxi nativo, cinto de mulher, entre outros objetos. Atualmente os Matipu praticam outras especialidades relacionadas em preservação da fauna e flora a forma de promover as riquezas naturais, adota as novas tecnologias para as novas especialidades.
Como é a aldeia
Aldeia é composta por várias casas, feita de forma redonda, considerada local de moradia dos povos Indígenas; tem escola, posto de saúde, casa memorial de cultura, pista de pouso, estradas, área de lazer, lagoa, os rios, as plantas, os animais e, geralmente tem muitas faunas e floras.
Organização do trabalho
Cabe às mulheres a confecção das redes com fios de buriti e algodão, ambos plantados e fiados por elas. São elas também que trançam as esteiras com motivos de animais (tracajá, jacaré, pássaros) e fazem pulseiras e colares de sementes (como o tucum), mas principalmente de miçangas.
Os bancos de madeira são peças confeccionadas pelos homens, que também fazem os cocares, os chocalhos e os colares de caramujo para uso masculino. São ainda eles que fazem as canoas, a partir de uma só peça de madeira; antigamente elas eram feitas de casca de jatobá, mas hoje usam principalmente a jacareúba que, em língua Matipu, chama-se katsegü.
Organização do trabalho deste povo, instituído pela liberdade, acordo com as especificidades familiares, da cultura, costume e da forma de vida e sobrevivência, sistematizadas através da história de origem permanente do kuatüngü principal criador para os Matipu e dos outros grupos do alto Xingu.
Casamento
Casamento realizado com os Matipu tem duas maneiras diferentes, ou seja, pela escolha da noiva ou por normalmente através da combinação entre casal (rapaz ou moça).
Alimentação
Os Matipu vivem basicamente da pesca e da horticultura e, grande parte dos moradores não tem acesso aos alimentos industrializados da cidade. Assim, consomem basicamente o peixe e a mandioca brava -; em forma de mingau ou beiju. Os peixes mais consumidos são, respectivamente, o tucunaré, a bicuda, a piranha, o piau, o penteado, o peixe cachorro, a pirarara e esporadicamente o mantrinchã. Eventualmente podem pescar o tracajá e seus ovos, ou caçar pássaros -; como o mutum e o jacu, além do macaco. Como tempero usam o homi -; pimenta pequena e forte para temperar peixe; e o sal de agahü -; planta da água com a qual se fabrica o “sal de índio”. As plantas consumidas são pequi, abóbora, banana, batata, melancia, ingá, mangaba, macaúba, consideram as frutas são alimentos diferentes e boas.
Infância, juventude e velhice
Durante a infância, os Matipu educam a criança para respeitar as pessoas, natureza, cultura e das outras nações. A criança tem direito de ser cuidado pela mãe, pai e até o mesmo pelo próprio avô, principalmente na saúde da criança. O Jovem ou a moça Matipu acostumam ser em reclusão, para o pai, mãe e avô ajudarem fazer as coisas direito; para crescer com bastante cuidado, para se preparar a ser homem ou mulher independente. Velho ou Velha Matipu, eles são principais anciãos mantenedores e conhecedores das histórias, na atual conjuntura na sociedade Matipu, repassam os conhecimentos para os jovens, para comunidades da sua aldeia.
Peculiaridades
O jeito de ser Matipu se mostra na seriedade do preparo das cerimônias demarcadoras de identidade como o ritual Iponge de furação de orelhas dos adolescentes com descendência de chefia. Essa postura vem aliada a um envolvimento prazeroso no cantar e dançar e na confecção dos adereços. Os Matipu, falam uma variante da língua karib do Alto Xingu e fazem parte da área cultural do Alto Xingu compartilhando características culturais e sociais com os demais povos deste sistema regional e participando das festas coletivas, dos intercâmbios e das trocas matrimoniais. Por outro lado, os Matipu têm sua própria história em termos de sua contribuição à formação do sistema multilíngüe e multiétnico alto-xinguano e elementos próprios no que diz respeito a tradições orais e rituais, como cantos e narrativas (míticas e históricas). Os povos Matipu estão localizados na porção sul do Parque Indígena do Xingu (PIX), estado de Mato Grosso – Brasil tem uma surpreendente variedade de povos indígenas, são14 (catorze) povos diferentes que somam uma população estimada em cinco mil pessoas, ao longo dos seus 2.642.003 hectares de reserva indígena. A parte meridional do Parque Indígena do Xingu, onde vivem os Matipu, é conhecida como Alto Xingu, é um sistema multilíngüe e multiétnico nativo que inclui 10 etnias distintas.
Associação Indígena Matipu
e-mail: aimaxingu.cultura@gmail.com