O intercâmbio realizado entre as duas organizações não governamentais teve como objetivo possibilitar a troca de experiências em suas áreas de atuação, focando nos projetos que envolvem a recuperação de áreas degradadas.

Instituto Socioambiental, ISA

Oito pessoas da equipe do Programa de Conservação Mata Atlântica e Savanas Centrais da organização The Nature Conservancy (TNC) estiveram na região de Canarana, município localizado na Bacia do Rio Xingu, em Mato Grosso, entre os dias 15 e 17 de março, para conhecer os trabalhos de restauração que o Instituto Socioambiental (ISA) realiza no âmbito da Campanha Y Ikatu Xingu.

Natalia Guerin, bióloga do ISA, explica que a visita da equipe da TNC teve como objetivo estimular a troca de experiências vivenciadas pelas duas equipes em suas áreas de atuação, focando nos projetos que envolvem a recuperação de áreas degradadas, com especial interesse na técnica da semeadura direta. Em Canarana, a equipe visitou as áreas em processo de restauração florestal das fazendas Simoni,São Roque e Santana, além do viveiro municipal, que abriga a casa de sementes. Em Querência, conheceram as fazendas Schneider, Certeza e Canaã, que também têm áreas em processo de restauração através do plantio direto de sementes.

Rubens Miranda Benini, especialista em restauração da TNC, afirma que se surpreendeu com os resultados da técnica de Plantio Mecanizado de Florestas, aperfeiçoada e utilizada pela equipe do ISA. “Esta é a primeira vez que vejo esta técnica sendo aplicada e fiquei bastante surpreso com os resultados. Sua principal vantagem é o custo mais baixo, pois fazer restauração florestal em larga escala, com mudas, é muito caro. Além disso, a qualidade das áreas em processo de restauração é muito boa”.

O especialista destaca o rápido desenvolvimento das árvores nas áreas em processo de restauração. “Uma das áreas que visitamos, na fazenda Simoni, já tem árvores grandes e o plantio de sementes foi feito há apenas quatro anos. Elas cresceram tão rápido quanto se tivessem sido plantadas mudas”.

Benini afirma ainda que sua equipe pretende aplicar a técnica em sua área de atuação. “Precisamos achar uma maneira de adaptar essa técnica para a Mata Atlântica, onde temos muito mais relevos que aqui no Cerrado. Penso que podemos testar o plantio das sementes nativas a lanço ou por tração animal”.

Rede de Sementes do Xingu
A experiência da Rede de Sementes do Xingu, que já conta com 300 coletores em toda a Bacia do Rio Xingu, em Mato Grosso, também interessou os técnicos da TNC. Rubens Benini conta que sua equipe pretende iniciar uma experiência parecida em Minas Gerais. “Queremos implantar uma casa de sementes, para centralizar o armazenamento, e iniciar a capacitação de coletores”. A especialista em conservação, Luciane Bertinatto Copetti, coordenadora de projetos BNDES da TNC em Mato Grosso, também mostrou interesse pela iniciativa. “É uma experiência interessantíssima. Nós também temos uma grande demanda por sementes nativas e estamos procurando soluções para atender essa demanda”.

Intercâmbio de experiências
O primeiro dia da visita foi marcado por um intercâmbio de experiências, no qual as equipes das duas instituições apresentaram suas principais iniciativas e desafios. Ao longo das apresentações, puderam ser destacadas as distinções entre o modo de atuação, conforme explica Natalia. “O ISA atua localmente, com participação integral nos projetos. A TNC atua em escala, envolvendo entidades locais através de capacitações, contratações e repasse de verba para realização dos projetos. Ao longo da visita, discutimos como se dão os diferentes arranjos para cada situação, quando tratamos com agricultores familiares, médios e grandes produtores e indígenas”.

As equipes das duas instituições definiram alguns encaminhamentos para manter o intercâmbio de experiências. A primeira é a constituição de um grupo composto pelas ONGs que estão desenvolvendo projetos e campanhas com objetivo de restauração florestal no Brasil. O objetivo do grupo é trocar experiências e resultados dos projetos que estão sendo desenvolvidos no país, nos diferentes biomas e escalas, e encaminhas possíveis parcerias.

Outra proposta é realizar encontros anuais para a apresentação das campanhas e seus resultados e elaborar materiais para a divulgação do trabalho que vem sendo desenvolvido.