SOS Xingu – incêndio devasta a mesma aldeia em que Gisele Bündchen gravou campanha


Incêndio devasta aldeia Ngojhwere pertencente a etnia Kisêdjê, conhecidos como Suya, a mesma aldeia em que a Top Gisele Bündchen passou 2 dias gravando a campanha das sandálias Ipanema da Grandene, em 2006 e também quando abraçou a Campanha Y Ikatu Xingu (Salve a Água Boa do Xingu), para proteger e recuperar nascentes e matas ciliares do rio que corta o parque.

Por Karina Kramer

O incêndio ocorreu no dia 18/08/2011, por volta das 13h00, devastou 14 casas, do total de 21. Sem voz para pedir ajuda, os nativos da etnia Kisêdjê ficam à sorte de alguns poucos amigos “brancos” que possam enviar comida, roupas, alzóis, redes, panelas e quaisquer utensílios… Enfim eles perderam tudo e toda ajuda é bem vinda. O relato, o pedido de socorro e as fotos foram enviadas por email pelo jovem Pasi Suya, filho do cacique Kuiussy Suyá.

Peço, através desta carta, que a imprensa divulgue esse fato e de alguma forma mobilize uma ajuda mais efetiva para nossos irmãos esquecidos e abandonados e dessa forma possamos cobrar dos órgãos competentes e das ONGs uma ação mais efetiva de ajuda imediata.

Os Kisêdjê constituem o único grupo de língua Jê que habita o Parque Indígena do Xingu. Mas desde sua chegada na região (provavelmente na segunda metade do século XIX), seu contato com outros povos xinguanos e, principalmente, com aqueles da chamada área cultural do Alto Xingu, ocasionou a incorporação de muitos costumes e tecnologias alheias. Entretanto, jamais abriram mão de sua singularidade cultural, cujo principal emblema pode ser reconhecido num estilo particular de canto ritual, expressão máxima das individualidades e do modo de ser da sociedade Kisêdjê. Até algumas décadas atrás, outro marco diferencial do grupo eram os grandes discos labiais e auriculares que, mais do que ornamentos, apontavam a importância do cantar e do ouvir para esse povo.

Abaixo trecho de matéria publicada na Revista Caras em 17/10/2006, relatando a experiência da Top Gisele Bündchen na aldeia dos Kisedjê, por conta da campanha das sandálias Ipanema, da Grandene. Gisele passou 2 dias nessa mesma aldeia que hoje está sofrendo muito com os prejuízos do incêndio.

Cortejada pelos mais poderosos costureiros do planeta, Gisele Bündchen (26) se despe de todos os luxos quando se encontra com os índios brasileiros. Em sua mais recente visita a uma tribo do Parque Indígena do Xingu, nordeste de Mato Grosso, a top novamente se viu seduzida pela cultura local – a primeira ocasião foi em 2004, quando ela esteve na reserva com o ex-namorado, o ator Leonardo DiCaprio (31).

Dessa vez, Gisele passou dois dias na aldeia dos Kisêdjê e entregou-se de corpo e alma aos costumes silvícolas. De corpo, ao ser pintada e vestida como uma índia para os novos anúncios das sandálias Ipanema, da Grendene, produzidos na ocasião. De alma, ao unir forças com os xinguanos e abraçar a Campanha Y Ikatu Xingu (Salve a Água Boa do Xingu), para proteger e recuperar nascentes e matas ciliares do rio que corta o parque. Dentre as 14 tribos que moram no local, os Kisêdjê são os mais ameaçados por esta devastação. “Vi de perto o problema que eles têm por causa da poluição das águas”, conta Gisele. Ao desembarcar de um jatinho, a top foi recebida pelo cacique Kuiussy Suyá e pelas integrantes da aldeia, que consideraram a presença da modelo um motivo digno de comemoração.

Muitas delas se embelezaram com um tipo de pintura usado em festas. Lado a lado, todas foram para uma das malocas, onde o maquiador Daniel Hernandez (33) começou a cuidar do look de Gisele sob os olhares curiosos. Cabelos preparados, coube às mulheres da tribo transformarem a “cara pálida” em uma nativa, com as pinturas corporais. Para a top mais majestosa do planeta, elas sugeriram grafismos tradicionais, destinados às mulheres que se destacam na comunidade por sua beleza.

Gisele completou o look com braçadeira de penas de arara, saiote de algodão tingido com urucum e colares de coco da palmeira tucum. Depois de concluir o trabalho, ela conheceu um pouco mais da vida na aldeia. Vestiu a camiseta do Y Ikatu Xingu e ganhou do professor Tempty cartilha da língua Kisêdjê, falada pela tribo.

Também foi presenteada com o Livro das Águas, publicação sobre a importância dos recursos hídricos desenvolvida pelo Instituto Socioambiental, uma das entidades envolvidas na campanha Y Ikatu Xingu. Eleita uma das cem celebridades mais poderosas do planeta pela revista Forbes, Gisele mostrou-se à vontade e cativou a tribo com sua simplicidade. Até ganhou homenagem especial. “Eles me batizaram com um nome indígena”, relembra.

Solteira depois do namoro de cinco anos com DiCaprio seguido por um romance com o surfista Kelly Slater (33), ela costuma evitar as questões que envolvem o coração. “Estou numa fase ótima, me conhecendo melhor e muito bem comigo mesma”, desconversa. Já quando o assunto é trabalho, desata a falar. Conta que pretende lançar um livro de fotos e que está de site novo. E, é claro, torce para ver as sandálias Ipanema calçando os pezinhos das brasileiras: parte da renda com as vendas é destinada à campanha Y Ikatu Xingu.

- Gisele, de que forma você atua nessa campanha das águas? – A água é fonte de vida e é hoje uma preocupação mundial. O rio Xingu é um dos símbolos da diversidade socioambiental brasileira e enfrenta sérios problemas. A campanha Y Ikatu Xingu tem o objetivo de conscientizar e motivar as pessoas para a proteção e recuperação das nascentes e matas ciliares do rio. Decidi apoiá-la porque acredito nessa idéia – e acredito que ela possa servir de exemplo para trabalhos idênticos em vários outros rios. Acho que minha maior contribuição, neste caso,é dar visibilidade à causa.

- A idéia nasceu depois de sua primeira visita ao Xingu? – Sim. Quando estive no Xingu, há alguns anos, vi de perto o problema que os índios têm por causa da poluição das águas. Do rio sai a sobrevivência dos índios, é dele que tiram seu alimento e com ele irrigam suas plantações. Dele depende a saúde e a vida desses povos.

- E a participação da Grendene? Você intermediou? – A empresa logo mostrou boa vontade. Assim que expus meu desejo de fazer alguma coisa para chamar a atenção para esse problema dos índios eles toparam apoiar a iniciativa. Então unimos forças para bolar um projeto bacana. Depois de muita pesquisa, decidimos pela causa Y Ikatu Xingu.

- Você divulga a campanha entre as colegas do mundo da moda? – O Fashion Rio deste ano tinha como tema a Água. Esta foi uma feliz coincidência aproveitada pelo pessoal do Instituto Socioambiental, responsável pela campanha, que teve um espaço no evento para divulgar o projeto. Este entrosamento entre o fashion e o social pode trazer muitos benefícios para todos. É a moda ditando a moda do respeito pela vida.

- Pretende participar de outra ação voluntária? – Há alguns anos venho contribuindo,à minha maneira, com instituições e projetos sociais. E tenho planos para o futuro.

- Como foi a visita à tribo, experimentou a vida na aldeia? – Na primeira visita a uma aldeia indígena eu dormi na rede, como os índios. Mas desta vez, durante o período das gravações, o pessoal da produção providenciou uma cama (e eu agradeci).

- E os preparativos com as índias, aprendeu segredos de beleza? - Elas são incríveis, têm muita habilidade para a pintura do corpo e nos deram um banho de agilidade. Quanto aos truques de beleza, acho que o melhor de todos é viver em harmonia com as pessoas e com a natureza, sem estresse. A prova disso é que a gente não sabia distingüir a índia que tinha 20 da que tinha 35 anos.
- Como os índios a receberam? - Com muito carinho. O pessoal da produção havia explicado a eles que eu era a figura principal do trabalho que iria ser realizado ali. Eles ficaram muito curiosos e me trataram muito bem. Fizeram, inclusive, uma homenagem especial: me batizaram com um nome indígena. Fiquei emocionada com o gesto. Foi especial!
- O que a marcou na viagem? – Os índios falam muito do rio, dos problemas da poluição e do desmatamento. A questão estápresente nos relatos que eles fazem. Além disso, é marcante o respeito que eles têm e a postura que assumem perante a natureza.
- Você se identifica com o modo de vida dos índios? – Gosto muito de estar em contato com a natureza e acho legal me isolar um pouco do resto do mundo de vez em quando, mas penso que a harmonia está no equilíbrio entre os dois modos de vida, o do mundo moderno e o do mundo dos índios.
- Que tipo de atitude contra a natureza a deixa revoltada? – Acho triste que as pessoas considerem a questão ambiental algo distante da sua realidade. Não notam que também as pequenas ações (em casa e na rua, por exemplo) são fundamentais para a preservação da natureza. Todos temos compromisso com isso, afinal, este é o nosso mundo.

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